Petrobras em queda: oportunidade de compra ou armadilha? Veja análise com dados e fundamentos
A Petrobras (PETR4) viu suas ações caírem mais de 16% apenas no último mês. No acumulado dos últimos 12 meses, a queda ultrapassa 25%, e isso levanta uma dúvida importante entre investidores: será que é hora de comprar ou de fugir do papel?
Neste artigo, vamos explorar os motivos por trás da queda, analisar os fundamentos da empresa e discutir se a Petrobras ainda vale a pena para quem busca dividendos.
Quais são os motivos da queda da Petrobras?
1. Resultados fracos no 4º trimestre de 2024
A empresa registrou um prejuízo de R$ 17 bilhões no quarto trimestre de 2024, um contraste enorme em relação aos lucros anteriores:
- 2022: Lucro líquido de R$ 189 bilhões
- 2023: Lucro líquido de R$ 125 bilhões
- 2024: Lucro líquido de apenas R$ 37 bilhões
Fonte: Valor Econômico e Petrobras RI
Essa queda acentuada nos lucros reflete uma diminuição nas receitas, agravada por margens comprimidas e menor geração de caixa.
2. Queda do preço do petróleo Brent
O preço do barril Brent iniciou 2025 em cerca de US$ 80 e já caiu para US$ 66, uma retração superior a 12% no ano. Como a cotação das ações da Petrobras está diretamente ligada ao preço do petróleo, a queda da commodity pressiona fortemente os papéis.
Fonte: Investing.com
Além disso, no 4º trimestre de 2024, o barril foi negociado a uma média de US$ 74, abaixo do valor do trimestre anterior e do mesmo período em 2023.
3. Incertezas geopolíticas e guerra comercial
A guerra comercial entre Estados Unidos e China, intensificada por tarifas aplicadas pela gestão Trump, levanta o temor de desaceleração econômica global. Isso pressiona a demanda por commodities, incluindo o petróleo.
Fonte: Bloomberg
Ações baratas = oportunidade?
Com toda essa pressão, as ações da Petrobras, que estavam sendo negociadas na faixa dos R$ 38 a R$ 39, agora apresentam um preço mais atrativo. A dúvida que surge é se isso representa uma janela de entrada fundamentada ou apenas um reflexo de riscos persistentes.
O lado positivo: dividendos generosos e dívida controlada
Mesmo com a pressão nos lucros, a Petrobras continua sendo uma excelente pagadora de dividendos, fator essencial para quem foca no longo prazo.
- Dividend yield atual acima de 15% (dependendo do preço de entrada)
- Dívida líquida/EBITDA controlada em 1,27x, segundo dados do último relatório
Fonte: Petrobras RI
Essa combinação pode ser atrativa para quem busca renda passiva. Ainda assim, o investidor precisa entender que ações podem cair ainda mais, e o foco deve ser no dividendo constante, não na valorização de curto prazo.
Análise dos fundamentos da Petrobras
Rentabilidade e eficiência operacional
Apesar dos desafios recentes, a Petrobras ainda apresenta índices de rentabilidade sólidos, como:
- ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido): cerca de 18% em 2024, mesmo com queda de lucros.
- Margem EBITDA: acima de 40% nos últimos anos, mostrando forte geração operacional.
- Payout: em torno de 80% nos últimos anos, evidenciando compromisso com dividendos.
Fonte: Status Invest
Estrutura de capital e endividamento
A empresa conseguiu reduzir significativamente sua alavancagem nos últimos cinco anos. Hoje, o indicador Dívida Líquida/EBITDA está em torno de 1,27x, considerado saudável.
Além disso, a companhia vem reduzindo o endividamento em dólar, o que traz resiliência diante de volatilidades cambiais.
Histórico de distribuição de dividendos
A Petrobras tem figurado entre as maiores pagadoras de dividendos do Brasil, especialmente após 2020. Veja a evolução:
- 2021: R$ 75 bilhões distribuídos
- 2022: R$ 180 bilhões distribuídos
- 2023: R$ 100 bilhões distribuídos
- 2024: redução para cerca de R$ 60 bilhões
Mesmo com a queda, o valor segue elevado, principalmente frente a outras empresas da bolsa.
Cenários possíveis para o petróleo e implicações
Os preços do petróleo podem continuar sob pressão, principalmente se:
- A guerra comercial se intensificar, reduzindo a demanda global.
- A economia chinesa crescer abaixo do esperado.
- A OPEP+ não conseguir segurar cortes de produção.
Em contrapartida, a commodity pode subir se houver:
- Conflitos no Oriente Médio que afetem a oferta.
- Adoção de estímulos econômicos por grandes economias.
- Redução de estoques globais além do esperado.
A Petrobras, por ser uma exportadora relevante, tende a ganhar com a valorização do barril, mas sofre quando o cenário é o oposto.
Comparativo com outras petroleiras
Em termos de valuation e dividendos, a Petrobras está bem posicionada frente a outras petroleiras globais:
Empresa | P/L (Preço/Lucro) | Dividend Yield | ROE |
---|---|---|---|
Petrobras | 3,8 | 15,2% | 18% |
ExxonMobil | 12,5 | 3,3% | 15% |
Chevron | 11,2 | 4,1% | 14% |
Shell | 8,7 | 4,3% | 12% |
Fonte: Yahoo Finance e Status Invest
Isso reforça a percepção de que a empresa está descontada — embora os riscos locais e políticos também estejam embutidos nesses múltiplos.
Vale a pena investir na Petrobras neste momento?
Cada investidor precisa analisar com base em seu perfil de risco, objetivos de longo prazo e tolerância à volatilidade. O cenário atual da Petrobras envolve uma série de incertezas externas e pressões nos resultados — ao mesmo tempo em que apresenta valores atrativos e um histórico sólido de distribuição de proventos.
Por isso, é fundamental realizar uma análise individual e, se necessário, consultar um profissional qualificado antes de tomar qualquer decisão.
Importante: este conteúdo tem caráter informativo e não constitui recomendação de compra ou venda de ativos.
Petrobras está em liquidação, mas com riscos embutidos
A queda recente das ações da Petrobras abre uma possível oportunidade para investidores atentos aos fundamentos. Com forte histórico de dividendos e valuation mais atrativo, o papel volta ao radar de muitos.
No entanto, ainda há riscos no horizonte: queda no preço do petróleo, tensões comerciais e desempenho financeiro fragilizado.
A decisão final deve levar em conta o seu perfil como investidor, sua estratégia e horizonte de tempo. O mercado oferece oportunidades — mas também exige responsabilidade.
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