Com a Selic estacionada em 15% ao ano e a inflação ainda teimando em ficar acima da meta, os fundos imobiliários (FIIs) se tornaram protagonistas de uma história que mistura oportunidade e desafio. Entre eles, o Kinea Securities (KNSC11) chama atenção não apenas pelo tamanho — um patrimônio líquido de R$ 1,78 bilhão — mas pela consistência em entregar 13% de dividend yield mesmo em um cenário econômico turbulento.
E aqui vai a provocação: será que os FIIs de papel, como o KNSC11, são a “nova poupança turbinada” dos brasileiros, ou estamos diante de um risco disfarçado de oportunidade?
O que é o Kinea Securities (KNSC11)?
O KNSC11 é um fundo base 10 de papel, ou seja, não investe diretamente em imóveis físicos, mas em títulos de crédito imobiliário (CRI) e cotas de outros FIIs. Em bom português: ele compra dívidas ligadas ao setor imobiliário e ganha dinheiro com os juros pagos por quem tomou esses empréstimos.
- Patrimônio líquido: R$ 1,78 bilhão
- Número de cotistas: 241.761
- Cota de mercado (nov/25): R$ 8,65
- Dividendos pagos (dez/25): R$ 0,09 por cota
Traduzindo: quem tinha R$ 8,65 investidos em novembro recebeu R$ 0,09 em dezembro. Parece pouco? Mas se você multiplicar isso por milhares de cotas, o rendimento vira uma renda mensal nada desprezível.
Por que o KNSC11 se destaca?
1. Diversificação inteligente
O fundo tem 63,5% da carteira atrelada ao IPCA e 40,6% ao CDI. Isso dá 104,1% em ativos alvo, mais 2,4% em LCI e 3,8% em caixa, totalizando 110,3%.
E aqui está o ponto crucial: não é um erro de digitação. Esse “excesso” é reflexo da metodologia de cálculo e da marcação a mercado (MTM). Em outras palavras, os ativos são contabilizados pelo valor de mercado, e isso pode fazer a soma ultrapassar 100% do patrimônio líquido. É como se você tivesse R$ 100 mil investidos, mas a valorização dos ativos no mercado secundário fizesse sua exposição parecer de R$ 110 mil.
2. Dividendos consistentes
Nos últimos 12 meses, o fundo distribuiu entre R$ 0,09 e R$ 0,11 por cota, mantendo uma previsibilidade que os investidores adoram.
3. Liquidez diária
Com média de R$ 5,74 milhões negociados por dia, o KNSC11 permite que o investidor entre e saia com relativa facilidade, sem ficar “preso” como em alguns fundos menos líquidos.
Selic alta e inflação teimosa
O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central em 8 de dezembro de 2025 reduziu a projeção do IPCA para 4,40% em 2025, mas manteve a Selic em 15% ao ano. Isso cria um cenário curioso: os FIIs indexados ao CDI surfam bem nessa onda, enquanto os atrelados ao IPCA sofrem com a inflação baixa nos últimos meses.
É como se você tivesse dois amigos: um que ganha mais quando o churrasco está caro (IPCA alto) e outro que se dá bem quando o banco cobra juros altos (CDI elevado). O KNSC11, por ter os dois na carteira, consegue equilibrar os resultados.
FIIs são a “nova poupança”?
Aqui vai minha opinião: sim e não.
- Sim, porque oferecem renda mensal, isenta de imposto de renda para pessoas físicas, e com retornos superiores à poupança.
- Não, porque não são livres de risco. O investidor precisa entender que está exposto ao mercado de crédito imobiliário, que pode sofrer calotes ou desvalorizações.
É como trocar a segurança de um cofre por uma carteira de investimentos: você ganha mais, mas precisa aceitar que o risco existe.
Exemplos para entender KNSC11
Imagine que você emprestou dinheiro para um amigo abrir uma padaria. Ele promete te pagar IPCA + 10% ao ano. Se o pãozinho subir de preço (inflação alta), você ganha mais. Mas se a inflação cair, seu rendimento diminui.
Agora, outro amigo te paga CDI + 3% ao ano. Se os juros do banco estão altos, você ganha bem. Se caírem, seu rendimento cai.
O KNSC11 faz exatamente isso, só que em escala bilionária.
Se você quiser se aprofundar ainda mais na estratégia do fundo e entender como ele equilibra CRIs atrelados ao IPCA e CDI para gerar renda mensal, recomendo a leitura deste artigo completo: KNSC11: como o fundo da Kinea gera renda mensal com CRIs IPCA e CDI.
Conclusão
O Kinea Securities (KNSC11) entrega dividendos consistentes em tempos de juros altos porque combina CRIs indexados ao CDI, que se beneficiam da Selic elevada, com CRIs atrelados ao IPCA, que protegem contra a inflação. Essa diversificação, somada à metodologia de marcação a mercado e à gestão disciplinada da Kinea, garante previsibilidade de renda mensal.
Mas não se engane: não é uma “poupança turbinada” sem riscos. É um investimento sólido para quem busca renda passiva, desde que entenda o cenário e aceite a exposição ao mercado de crédito.
Disclaimer
Aviso importante: Tudo que você leu aqui tem caráter educativo e informativo. Meu objetivo é ajudar você a entender melhor o mundo dos investimentos — nunca dizer o que comprar ou vender.
Cada pessoa tem um perfil de risco, uma realidade financeira e objetivos diferentes, então sempre analise com calma antes de tomar qualquer decisão. Se achar necessário, procure um profissional certificado para orientar você.
Rentabilidade passada não garante resultados futuros. Invista com consciência e no seu ritmo
FAQ: Perguntas comuns sobre o KNSC11
1. O KNSC11 é seguro?
Não existe investimento 100% seguro. Ele é considerado sólido, mas está exposto ao risco de crédito dos CRIs.
2. Os dividendos são garantidos?
Não. Eles dependem da performance da carteira e das condições econômicas. Mas o histórico mostra consistência.
3. Preciso pagar imposto de renda sobre os dividendos?
Não, desde que você seja pessoa física e cumpra as condições legais (menos de 10% das cotas e sem receber mais de 10% dos rendimentos totais).
4. Vale a pena investir agora?
Se você busca renda mensal e acredita na manutenção dos juros altos no curto prazo, sim. Mas sempre diversifique sua carteira.
5. Qual a diferença entre CRI IPCA e CRI CDI?
O primeiro protege contra inflação, o segundo acompanha os juros. O KNSC11 mistura os dois para equilibrar riscos.