Publicado em 17 de novembro de 2025 — Por Anderson Nascimento
Você já ouviu falar em diluição de ações ou cotas de fundos imobiliários, mas nunca entendeu direito o impacto disso no seu bolso? Pois saiba que esse fenômeno pode ser silencioso, mas tem efeitos reais — tanto no curto quanto no longo prazo. E mais: saber se vale a pena entrar numa oferta pública para evitar ser diluído pode fazer toda a diferença na sua estratégia de investimento.
Com o mercado aquecido e os fundos imobiliários voltando a atrair investidores em meio à expectativa de queda na Selic, entender os mecanismos por trás da diluição é mais relevante do que nunca. Neste artigo, vamos conversar sobre isso de forma clara, direta e com exemplos do dia a dia — como se estivéssemos tomando um café e trocando ideias sobre como proteger e multiplicar nosso patrimônio.
O que é diluição e por que você deveria se importar
Diluição acontece quando o número de ações ou cotas de um fundo aumenta, mas você mantém a mesma quantidade que tinha antes. Isso significa que sua participação proporcional no negócio diminui. É como se você tivesse uma fatia de pizza e, de repente, alguém cortasse mais pedaços — sua fatia continua igual, mas representa menos do total.
No mundo das ações, isso geralmente ocorre quando a empresa faz uma nova emissão de ações. Nos fundos imobiliários (FIIs), acontece quando o fundo realiza uma oferta pública de novas cotas para captar recursos.
“A diluição pode afetar diretamente o rendimento por cota e o valor patrimonial, especialmente se os recursos captados não forem bem alocados.”
— Quantum Finance, outubro de 2025 (fonte)
Diluição em ações: impacto no curto e longo prazo
Curto prazo: o susto inicial
Quando uma empresa anuncia uma nova emissão de ações, o mercado pode reagir negativamente. Isso porque os investidores sabem que haverá mais ações em circulação, o que tende a reduzir o lucro por ação (LPA) e, consequentemente, o valor da ação no curto prazo.
Imagine que uma empresa tem 1 milhão de ações e lucra R$ 1 milhão. O LPA é R$ 1. Se ela emitir mais 500 mil ações, sem aumentar o lucro, o LPA cai para R$ 0,66. Isso pode assustar o mercado e derrubar o preço das ações.
Longo prazo: depende da execução
Se os recursos captados forem bem utilizados — por exemplo, para expandir operações, adquirir concorrentes ou investir em inovação — o impacto pode ser positivo. O lucro da empresa pode crescer e compensar a diluição inicial.
“Diluição não é necessariamente ruim. O que importa é o que será feito com o dinheiro captado.”
— Money Times, novembro de 2025 (fonte)
Diluição em fundos imobiliários: o que muda para o cotista
Nos FIIs, a diluição ocorre quando o fundo emite novas cotas. Se você não participar da oferta, sua participação proporcional no fundo diminui. Isso pode afetar:
- O rendimento por cota: Se o fundo distribuir o mesmo valor total, mas para mais cotistas, o valor por cota pode cair.
- O valor patrimonial por cota (VP): Se o dinheiro captado for usado para comprar bons ativos, o VP pode subir. Se não, pode cair.
- Seu poder de voto: Em assembleias, sua influência pode diminuir.
“A diluição em FIIs é especialmente relevante para quem busca renda passiva, pois pode reduzir o valor dos dividendos recebidos.”
— Investidor10, novembro de 2025 (fonte)
Vale a pena entrar na oferta pública de FIIs para não ser diluído?
Essa é uma das decisões mais delicadas para quem investe em FIIs. E aqui entra uma reflexão pessoal que muitos investidores compartilham — inclusive eu:
Na minha opinião, não vale a pena entrar em oferta pública na maioria dos casos. Primeiro, porque há uma demora para receber as novas cotas e começar a receber dividendos. Segundo, porque o valor de mercado do FII geralmente cai quando a oferta é anunciada, então a diferença entre o preço da oferta e o preço de mercado fica muito pequena. A não ser que haja uma vantagem clara — como um desconto de 5% a 10% —, entrar só para não ser diluído pode ser uma ilusão. Claro, se o investidor quiser apoiar o fundo e acredita no objetivo da captação, isso também é válido. Mas financeiramente, a vantagem precisa compensar.
Exemplos práticos: quando a diluição dói no bolso
A diluição existe, de fato, quando o gestor faz uma captação abaixo do valor justo. Imagine que você tem 1.000 cotas de um fundo, cada uma valendo R$ 10 — ou seja, R$ 10.000 investidos. Se o fundo anuncia uma nova oferta a R$ 8 para atrair investidores, ele automaticamente desvaloriza sua posição. Suas cotas, que valiam R$ 10, agora são negociadas a R$ 8. Resultado? Um prejuízo potencial de R$ 2.000 no valor de mercado.
Outro exemplo: o fundo tinha 1 milhão de cotas e distribuía R$ 0,10 por cota. Após a emissão, passa a ter 2 milhões de cotas, mas o recurso captado foi mal investido. Agora, ele distribui apenas R$ 0,07 por cota. O rendimento caiu, mesmo que o fundo tenha mais dinheiro em caixa.
No caso dos fundos imobiliários, é crucial ficar de olho no tipo de emissão, na qualidade dos ativos e na capacidade da gestão. A diluição pode ocorrer de três formas:
- Por cota: quando o valor patrimonial por cota diminui.
- Por capital: quando o valor de mercado das cotas cai após a emissão.
- Por dividendos: quando o rendimento por cota diminui por aumento da base de cotistas.
Veredito: Diluição é vilã ou aliada?
Diluição não é boa nem ruim por si só. Ela é uma ferramenta de mercado. O que define seu impacto é o contexto: como, por que e para quê ela acontece.
Se você entende o fundo, confia na gestão e acredita na estratégia, entrar na oferta pode ser vantajoso. Se não, talvez seja melhor aceitar a diluição e observar os próximos passos.
💡 Em resumo: diluição é real, e pode doer no bolso. Por isso, entrar em uma oferta pública só faz sentido se houver uma vantagem clara — como um desconto de 5% a 10% em relação ao mercado — ou se você quiser apoiar o fundo por convicção estratégica. Fora isso, pode ser ilusão.
FAQ — Perguntas Frequentes
O que é diluição de ações?
É quando o número de ações aumenta e sua participação proporcional diminui.
Diluição afeta os dividendos?
Sim, pode reduzir o valor por ação ou cota se o lucro ou rendimento não crescer proporcionalmente.
Vale a pena entrar na oferta pública de um FII?
Depende da qualidade dos ativos, preço da oferta e estratégia do fundo.
Diluição é sempre ruim?
Não. Se os recursos forem bem usados, pode gerar valorização no longo prazo.
Como saber se serei diluído?
Se você não participar de uma nova emissão de ações ou cotas, sua participação será diluída.
Fontes
- Quantum Finance — Ranking dos FIIs que melhor pagam dividendos em 2025
- Money Times — Veja os FIIs com os maiores retornos e dividendos em 2025
- Investidor10 — Agenda de Dividendos de Fundos Imobiliários (FIIs) – 2025 / 2026

