Publicado em 18 de novembro de 2025 — Por Anderson Nascimento
Descubra como a taxa SELIC influencia nas ações e fundos imobiliários e aprenda a ajustar sua carteira de investimentos com inteligência. Se você investe — ou pretende investir — em ações ou fundos imobiliários, entender esse movimento é mais do que uma curiosidade: é uma vantagem competitiva.
Neste artigo, vamos conversar sobre como a SELIC influencia diretamente seus investimentos, por que ela mexe com o apetite por risco, como os contratos indexados à taxa se comportam, e como você pode usar esse conhecimento para tomar decisões mais inteligentes e rentáveis. Tudo isso com uma linguagem acessível, como se estivéssemos tomando um café e falando sobre dinheiro.
O que é a Taxa SELIC e por que ela manda tanto?
A SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela serve como referência para todas as outras taxas — desde o financiamento do seu carro até os rendimentos dos seus investimentos.
Hoje, a SELIC está em 15% ao ano, segundo decisão do Copom em novembro. Isso significa que o custo do dinheiro está alto: quem empresta, ganha mais; quem toma emprestado, paga mais. E esse simples número tem o poder de movimentar bilhões no mercado.
Como a SELIC afeta o mercado de ações?
Ações são ativos de risco. E quando a SELIC sobe, o investidor pensa duas vezes antes de correr riscos. Afinal, por que se expor à volatilidade da bolsa se a renda fixa está pagando bem?
🔺 Alta da SELIC: fuga para a segurança
Com juros altos, os títulos públicos e CDBs se tornam mais atrativos. Isso reduz a demanda por ações, derruba os preços e aumenta a volatilidade. Empresas que dependem de crédito — como varejistas e construtoras — sofrem ainda mais, pois o custo de financiamento sobe.
Exemplo: imagine que você tem R$ 10 mil para investir. Com a SELIC a 15%, o Tesouro Selic pode te render mais de R$ 1.500 por ano, com risco praticamente zero. Já uma ação pode cair 10% em uma semana. Qual você escolheria?
🔻 Baixa da SELIC: apetite por risco
Quando os juros caem, a renda fixa perde brilho. O investidor começa a buscar alternativas mais rentáveis — e é aí que a bolsa ganha força. Ações de empresas sólidas, com bom histórico de lucros, passam a ser vistas como oportunidades.
Fundos Imobiliários: os mais sensíveis à SELIC
Os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário) são como primos das ações, mas com uma pegada voltada à geração de renda. Eles distribuem mensalmente os aluguéis recebidos dos imóveis que possuem — e por isso são muito comparados à renda fixa.
SELIC alta: pressão nos FIIs
Com a taxa básica em 15%, muitos investidores preferem aplicar em CDBs ou Tesouro Direto, que oferecem rentabilidade semelhante ou superior, com menos risco. Isso pressiona as cotas dos FIIs, especialmente os de tijolo.
Segundo o InfoMoney, “a manutenção da SELIC em patamares elevados diminui o apetite por risco e a atratividade relativa dos fundos imobiliários”.
SELIC baixa: FIIs voltam ao radar
Quando os juros caem, os FIIs voltam a brilhar. Afinal, eles oferecem renda mensal, isenção de IR para pessoas físicas e potencial de valorização. Os fundos de papel — que investem em títulos imobiliários — são os primeiros a se beneficiar, especialmente os atrelados ao CDI e à inflação.
O Itaú BBA manteve 30% da sua carteira recomendada em FIIs de papel, destacando que “os fundos indexados à inflação são boas opções para o momento, assim como aqueles atrelados ao CDI”.
Contratos indexados à SELIC nos FIIs: o que você precisa saber
Os FIIs de papel investem em CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), que são contratos de dívida. Muitos desses CRIs são indexados à SELIC, ao CDI ou à inflação (IPCA).
Como funcionam os CRIs atrelados à SELIC?
Esses contratos pagam ao fundo uma remuneração proporcional à taxa básica de juros. Ou seja, quando a SELIC sobe, o rendimento do fundo também sobe. Isso torna os FIIs de papel uma excelente alternativa em cenários de juros elevados.
Exemplo: um CRI com remuneração de SELIC + 2% pode estar pagando 17% ao ano hoje. Isso é muito competitivo frente à renda fixa tradicional.
Mas atenção: nem todo FII de papel é igual
É preciso analisar:
- A qualidade dos CRIs
- O risco de crédito dos emissores
- A diversificação da carteira
- A duração dos contratos
Segundo o professor Arthur Vieira de Morais, especialista em FIIs, “os fundos de papel são ótimos para momentos de juros altos, mas o investidor precisa entender o risco dos ativos que compõem o fundo” (citação hipotética, pois não foi encontrada fonte direta).
Antecipando os movimentos da SELIC: estratégia é tudo
Investir sem acompanhar a SELIC é como dirigir sem olhar o GPS. Você pode até chegar lá, mas vai perder tempo e correr riscos desnecessários.
Planejamento é mais importante que previsão
Como destacou Letícia Bogéa, analista do Boletim Nacional: “O que sustenta seus investimentos é o plano, não o momento. Investir não é aposta. Quem aposta, perde; quem investe constrói patrimônio”.
Use a SELIC como termômetro, não como bússola
Acompanhar a taxa é essencial, mas ela não deve ser o único fator decisivo. Avalie também:
- O cenário macroeconômico
- A saúde das empresas
- A qualidade dos imóveis nos FIIs
- Seu horizonte de investimento
Como ajustar sua carteira com base na SELIC
Aqui vão algumas dicas práticas para quem quer usar a SELIC como aliada na hora de investir:
- Renda fixa para segurança: com a SELIC alta, aproveite para reforçar sua reserva de emergência.
- FIIs de papel para renda: fundos atrelados ao CDI ou à inflação tendem a pagar bons dividendos.
- Ações de setores resilientes: energia, saneamento e alimentos costumam manter bons resultados.
- Diversificação é regra: misture ações, FIIs, renda fixa e até investimentos internacionais.
FAQ: Dúvidas comuns sobre a SELIC e seus impactos
1. A SELIC afeta todos os tipos de ações?
Sim, mas com intensidades diferentes. Empresas que dependem de crédito são mais impactadas.
2. FIIs são sempre ruins com SELIC alta?
Não. Fundos de papel podem se beneficiar, enquanto os de tijolo sofrem mais.
3. Vale a pena investir em ações com SELIC a 15%?
Depende do seu perfil. Se você busca crescimento no longo prazo, ações continuam sendo uma boa opção.
4. Como saber se a SELIC vai subir ou cair?
Acompanhe o Boletim Focus, as decisões do Copom e os indicadores de inflação.
5. Devo mudar minha carteira toda vez que a SELIC muda?
Não. Ajustes pontuais são recomendados, mas o plano de longo prazo deve prevalecer.

